quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Aznar e Bush e o posicionamento de longo prazo de Portugal

As noticias saídas nos últimos dias no El Pais comprometem seriamente Bush e Aznar e na preparação da Guerra do Iraque, e na justificação desta enquanto guerra justa, ou “justificável”.

No entanto, e se Aznar sai mal da fotografia, enquanto líder calculista e cínico há algumas coisas que devem ser ditas em relação à posição portuguesa naquele período histórico.

Em primeiro lugar devemos olhar o posicionamento diacrónico de Portugal e perceber que, desde há alguns séculos, Portugal é o aliado preferencial da potência marítima do sistema no maciço peninsular.

A alteração que Aznar estava a fazer, de colar a Espanha à potência marítima do sistema (posição que os EUA, incontestavelmente, representam hoje), significava um risco para Portugal, obrigando-o a repensar uma estratégia diplomática secular, situação que empurraria o país para uma exiguidade cada vez maior – sem particularidades distintivas da realidade peninsular e europeia – e, consequentemente para a insignificância política.

Neste quadro, nada mais restava a Barroso do que afirmar a posição tradicional portuguesa, colando-se aos EUA e Grã-Bretanha, e garantindo a posição tradicional. Assim, parece-nos justo afirmar que a posição do governo de Portugal naquela data foi além de correcta e a única possível.

Por fim, recorda-se que segundo alguns dirigentes do PS Barroso tinha posto em causa o consenso da Politica Externa do período democrático, quando na verdade, o que estava efectivamente em causa era o posicionamento secular de Portugal no mundo, posicionamento esse que algumas pessoas ou não percebem, o que é triste se ponderarmos as posições que ocupam, ou ignorante, o que se revela da maior grandeza pois não há tragédia maior do que aliar a ignorância ao poder…

FG

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