Estava ontem a ver a "Quadratura do Círculo" na SIC notícias quando sou surpreendido pelo facto dos participantes assumirem que gostaram de ouvir o rei espanhol mandar calar Chávez.
É engraçado ver a defesa das posições mais estúpidas. Chávez é mal-educado e inconveninete (seria bom que algumas cabeças - supostamente - pensantes tentassem perceber porque razão ele ganha eleições como o faz no seu país), mas dizer-se que se concorda com um Chefe-de-Estado mandar calar outro numa conferência internacional??? É curioso que o José Pacheco Pereira tem o hábito de criticar a falta de elevação no diálogo político e a forma arrogante como o Primeiro-ministro trata os seus opositores no Parlamento português; não sei se serão dois pesos e duas medidas ou apenas e só o complexo anti-chavista a funcionar.
Clara Ferreira Alves comentava, no "Eixo do Mal" que o ocidente não se dá bem com a "sublevação" índigena na América do Sul. De facto a cultura europeia é etnocêntrica (quase todas são, mas esta tem tido mais oportunidades de esmagar as outras...) e tende a olhar e interpretar as realidades dos outros partindo de paradigmas próprios; caindo no pecado original e acabando por nunca perceber "o outro". É um problema antigo mas que apenas a civilização europeia reconhece, e essa é a sua superioridade, o facto de ser capaz de se auto-criticar e de se regenerar.
O problema com Chávez não reside no facto dele ser mestiço ou do ocidente não o compreender, nsem sequer do facto dele resistir às regras e aos padrões internacionalmente impostos; o problema com Chávez nasce do facto da forma como ele o faz. Até consigo perceber que se defenda um modelo com iniciativa do Estado, menos liberal, mais regulado; não percebo é a necessidade de se chamar "Diabo" ao presidente dos EUA para fazer a defesa de tal modelo (muitos dirão que nasce no facto dos EUA tratarem a América latina como o "Quintal"); também entendo, se for verdade, a revolta de Chávez com Aznar pelo facto deste ter patrocinado um golpe de Estado para o depor - só não precisa de o insultar e de não deixar ninguém falar. Discordo de Chavez na forma de comunicação e nos remédios para os problemas do Estado e da sociedade venezuelana; compreendo muito bem a revolta desta gente para com a estrutura dos seus países, não pode ser fácil viver em sociedades de ascensão tão fechada...
Compreendo que dê vontade de mandar calar Chávez; o homem é rude, mal-educado, inconveniente... Zapatero não o mandou calar, esteve à altura das circunstâncias. Que diabo, há algum problema em afirmar-se que era o rei que devia estar calado? Porque foi capaz de segurar a democracia espanhola vive numa redoma do "can´t do no harm"? Esse tempo passou, não é possível que se concorde com faltas de educação, um passado limpo não serve de desculpa para falhas graves... vidé Otelo!
FG
quinta-feira, 22 de novembro de 2007
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