O candidato presidencial Barack Obama declarou ontem ser a favor da diminuição das restrições ao envio de dinheiro dos emigrantes cubanos aos seus familiares e das restrições de viagens a Cuba.
Será que o homem está a correr fora do establishment? Não me parece que seja assim tão ingénuo. O capital dos democratas junto da população de origem cubana de Miami está ferido desde que Clinton permitiu o regresso de Elian Gonzales para junto do seu pai, em Cuba.
Bush, seduzindo o voto mais conservador dos cubanos (e sabendo talvez que perdera na Florida), limitou o envio de dinheiro para os familiares a 300 dólares (antes era 3000) e restringiu as viagens de visita aos familiares em Cuba a uma em cada três anos. A medida, além de popular junto dos sectores mais anti-castristas de Miami, foi também inteligente, é sabido o quanto Cuba lucra com as remessas dos dinheiros dos emigrantes – é a segurança social exógena.
Obama parece saber, no entanto, que a composição da massa de emigrantes mudou nas últimas décadas. No início os cubanos saíam da ilha de avião, sem dinheiro mas com os seus; nos últimos anos têm abandonado a ilha de barco (muitas vezes de borracha) e, outras vezes, em câmaras-de-ar de pneus, deixando para trás toda a sua rede social e familiar.
Estas novas gerações são menos politizadas dos que as primeiras, não são propriamente ex-privilegiados de Batista, e querem ajudar quem deixaram para trás, muitas vezes mulher e filhos. Hilary declarou, há alguns dias, que era possível mexer nestas questões, mas apenas após a saída de Castro da chefia-de-Estado, numa atitude muito mais mainstream do que Obama.
Na verdade, se os votos na Florida estão divididos, sendo que o voto latino é, maioritariamente, republicano, o discurso de Obama penetra no reduto do inimigo, podendo ser muito bem pensado numa eleição nacional. No ano em 2000 (números pouco fidedignos, por razões óbvias e conhecidas de todos, tal foi a chapelada...) Bush teve 2,909,176 votos, Gore 2,907,451, ambos com 49 %; para uma diferença final de apenas 1725 votos - convenhamos não foi mau (pouco tempo depois do fenómeno Elian). Em 2004, Bush teve 52 % dos (3,964,522 votos) contra 47% de John Kerry (3,583,544), uma diferença de 380978 votos (todos estes dados foram retirados do sítio oficial da CNN).
Será que o homem está a correr fora do establishment? Não me parece que seja assim tão ingénuo. O capital dos democratas junto da população de origem cubana de Miami está ferido desde que Clinton permitiu o regresso de Elian Gonzales para junto do seu pai, em Cuba.
Bush, seduzindo o voto mais conservador dos cubanos (e sabendo talvez que perdera na Florida), limitou o envio de dinheiro para os familiares a 300 dólares (antes era 3000) e restringiu as viagens de visita aos familiares em Cuba a uma em cada três anos. A medida, além de popular junto dos sectores mais anti-castristas de Miami, foi também inteligente, é sabido o quanto Cuba lucra com as remessas dos dinheiros dos emigrantes – é a segurança social exógena.
Obama parece saber, no entanto, que a composição da massa de emigrantes mudou nas últimas décadas. No início os cubanos saíam da ilha de avião, sem dinheiro mas com os seus; nos últimos anos têm abandonado a ilha de barco (muitas vezes de borracha) e, outras vezes, em câmaras-de-ar de pneus, deixando para trás toda a sua rede social e familiar.
Estas novas gerações são menos politizadas dos que as primeiras, não são propriamente ex-privilegiados de Batista, e querem ajudar quem deixaram para trás, muitas vezes mulher e filhos. Hilary declarou, há alguns dias, que era possível mexer nestas questões, mas apenas após a saída de Castro da chefia-de-Estado, numa atitude muito mais mainstream do que Obama.
Na verdade, se os votos na Florida estão divididos, sendo que o voto latino é, maioritariamente, republicano, o discurso de Obama penetra no reduto do inimigo, podendo ser muito bem pensado numa eleição nacional. No ano em 2000 (números pouco fidedignos, por razões óbvias e conhecidas de todos, tal foi a chapelada...) Bush teve 2,909,176 votos, Gore 2,907,451, ambos com 49 %; para uma diferença final de apenas 1725 votos - convenhamos não foi mau (pouco tempo depois do fenómeno Elian). Em 2004, Bush teve 52 % dos (3,964,522 votos) contra 47% de John Kerry (3,583,544), uma diferença de 380978 votos (todos estes dados foram retirados do sítio oficial da CNN).
Assim, olhando para estes números, e partindo do princípio que o voto mais conservador está fora de hipótese para os democratas, mas que o voto destas novas gerações é menos conservador e politizado pelo passado, estes novos votos podem estar a ser ganhos por Obama. Ainda que não consiga ganhar na Florida nas primárias, esta situação torna-o um opositor temível na corrida sequente, juntando voto judeu, mais progressista e latino moderado. Pode também fazer dele um sério candidato a Vice-Presidente, capaz de ganhar votos para o Partido numa corrida presidencial, isto é, torna-o muito pouco dispensável.
Os números das primárias na Florida (Julho de 2007, do American Research Group) dão 45% de intenção de voto em Clinton e 25% em Obama. O candidato do Illinois tem vindo a subir, o que é natural num ex-quase desconhecido da política nacional, mas Hilary tembém começou com menos 9 pontos do que aqueles que tem hoje. A corrida da Florida parece estar decidida em favor de Hilary, mas no país a situação é cada vez mais tremida. De qualquer forma, Obama parece ser, cada vez mais, uma lufada de ar fresco no marasmo em que os EUA estão colocados.
FG
Os números das primárias na Florida (Julho de 2007, do American Research Group) dão 45% de intenção de voto em Clinton e 25% em Obama. O candidato do Illinois tem vindo a subir, o que é natural num ex-quase desconhecido da política nacional, mas Hilary tembém começou com menos 9 pontos do que aqueles que tem hoje. A corrida da Florida parece estar decidida em favor de Hilary, mas no país a situação é cada vez mais tremida. De qualquer forma, Obama parece ser, cada vez mais, uma lufada de ar fresco no marasmo em que os EUA estão colocados.
FG
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