quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Incompetência insustentável

Algumas pessoas, que julga-se perceberem de política orçamental, dizem que o governo tem previsões orçamentais que não estarão de acordo com a instabilidade da economia internacional, muito wishful thinking.

Soube-se ontem que, durante a negociação de Cahora Bassa, não foi tido em conta a desvalorização do Dólar em relação ao Euro e o país acabou por receber menos 80 milhões de euros do que estava originalmente previsto no acordo, apenas e só porque não foi acautelada a desvalorização monetária...

FG

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

As confissões de Amado

O MNE português, à margem da inauguração do AICEP em Singapura, fez questão de fazer saber que preferia que Mugabe não viesse à Cimeira, deve estar quase certo que vem; faz o gosto a ingleses e não chateia muito os africanos - porque diz que não quer Mugabe cá porque trará "ruído" à cimeira, afastando os temas importantes... Diz o povo, uma no cravo, outra na ferradura.

Isto da Diplomacia é um jogo de equilíbrios eo Amado "joga bonito"!

FG

Concordâncias...

Estava ontem a ver a "Quadratura do Círculo" na SIC notícias quando sou surpreendido pelo facto dos participantes assumirem que gostaram de ouvir o rei espanhol mandar calar Chávez.

É engraçado ver a defesa das posições mais estúpidas. Chávez é mal-educado e inconveninete (seria bom que algumas cabeças - supostamente - pensantes tentassem perceber porque razão ele ganha eleições como o faz no seu país), mas dizer-se que se concorda com um Chefe-de-Estado mandar calar outro numa conferência internacional??? É curioso que o José Pacheco Pereira tem o hábito de criticar a falta de elevação no diálogo político e a forma arrogante como o Primeiro-ministro trata os seus opositores no Parlamento português; não sei se serão dois pesos e duas medidas ou apenas e só o complexo anti-chavista a funcionar.

Clara Ferreira Alves comentava, no "Eixo do Mal" que o ocidente não se dá bem com a "sublevação" índigena na América do Sul. De facto a cultura europeia é etnocêntrica (quase todas são, mas esta tem tido mais oportunidades de esmagar as outras...) e tende a olhar e interpretar as realidades dos outros partindo de paradigmas próprios; caindo no pecado original e acabando por nunca perceber "o outro". É um problema antigo mas que apenas a civilização europeia reconhece, e essa é a sua superioridade, o facto de ser capaz de se auto-criticar e de se regenerar.

O problema com Chávez não reside no facto dele ser mestiço ou do ocidente não o compreender, nsem sequer do facto dele resistir às regras e aos padrões internacionalmente impostos; o problema com Chávez nasce do facto da forma como ele o faz. Até consigo perceber que se defenda um modelo com iniciativa do Estado, menos liberal, mais regulado; não percebo é a necessidade de se chamar "Diabo" ao presidente dos EUA para fazer a defesa de tal modelo (muitos dirão que nasce no facto dos EUA tratarem a América latina como o "Quintal"); também entendo, se for verdade, a revolta de Chávez com Aznar pelo facto deste ter patrocinado um golpe de Estado para o depor - só não precisa de o insultar e de não deixar ninguém falar. Discordo de Chavez na forma de comunicação e nos remédios para os problemas do Estado e da sociedade venezuelana; compreendo muito bem a revolta desta gente para com a estrutura dos seus países, não pode ser fácil viver em sociedades de ascensão tão fechada...

Compreendo que dê vontade de mandar calar Chávez; o homem é rude, mal-educado, inconveniente... Zapatero não o mandou calar, esteve à altura das circunstâncias. Que diabo, há algum problema em afirmar-se que era o rei que devia estar calado? Porque foi capaz de segurar a democracia espanhola vive numa redoma do "can´t do no harm"? Esse tempo passou, não é possível que se concorde com faltas de educação, um passado limpo não serve de desculpa para falhas graves... vidé Otelo!

FG

Xiu


A interdependência acontece quando numa discussão numa Cimeira Internacional um rei se comporta de forma tão pouco delidaca quanto um populista sul-americano, destratando um Chefe-de-Estado; sequentemente o ambiente para as empresas daquele país fica difícil; o nível da discussão não se eleva e o presidente daquele Estado sul-americano nacionaliza os bens de um grande banco do país do rei; sequentemente as acções desse banco caem a níveis absurdos na bolsa, tornando-o vulnerável a uma OPA hostil.


Após ser comprado por uma entidade estrangeira o banco é integrado na rede do banco que o compra e alguns milhares de funcionários são despedidos.


Foi-se uma empresa bandeira, foram-se importante activos do país, aumenta o desemprego, fragiliza-se a economia.... há momentos em que mais valia estar calado!


FG

Euro 2008

Estamos a ficar mal (ou finalmente bem...) habituados. A selecção portuguesa de futebol apurou-se para o 4º europeu consecutivo, antes desta fase tínhamos estado nos Mundiais de 1966 e 1986 e no Europeu de 1984. Em 1996 estivemos bem, fomos eleminados nos quartos-de-final pela República Checa, com um golo tremendo de Poborsky, numa saída em falso de Vítor Baía, e num jogo dominado por Portugal; em 2000 fomos terceiros num europeu no qual jogámos o nosso melhor futebol de sempre (que me lembre), eleminados por um França sortuda; e, em 2004, em casa, só não ganhámos por manifesto azar numa final com uma Grécia hiper-tática...

A fase de qualificação para o Euro-2008 inaugura uma nova etapa para a selecção nacional, na qual já não há jogadores da "geração de ouro". Faltou um líder em campo e as sucessivas lesões de jogadores fundamentais deixaram o apuramento para o último jogo. A selecção portuguesa de 1996-2004 foi construindo prestígio internacional em torno de jogadores referência no mundo: úm dos melhores guarda-redes (Vítor Baía), um dos melhores centrais do mundo (Fernando Couto), o melhor trinco (Paulo Sousa), um dos melhores médio centro (Rui Costa) e o melhor extremo (Luís Figo). Foi, de facto uma geração de ouro, faltou apenas um ponta de lança de elite para Portugal ter vencer uma competição (Rui Costa muitas vezes disse que faltava um Batistuta...).

A reacção nacional foi calma, sem festejos ou euforias. estamos habituados a ver sinfonias no relvado, temos de nos habituar a uma equipa em construção. Falta um guarda-redes de topo; há centrais e laterais direitos do melhor do mundo (Carvalho, Andrade, pepe, meira, Bosingwa e Miguel); faltam medios da dimensão de costa (Tiago nunca mais é à séria, Deco é bom mas não chega; Manuel fernandes, Moutinho e Veloso são muito novos)..., extremos há de qualidade e em quantidade nunca vista (Ronaldo, simão, quaresma e nani). Se Makukula cumprir pode ser a peça que falta a Portugal.

Vamos ver no que dá, faltam 8 meses para o europeu; de uma maneira ou de outra, vamos à festa!

FG

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

A preocupação do lado de lá da raia

Foi hoje publicado um artigo no Diário Económico de um jornalista espanhol, Miguel Angel Belloso, director da “Actualidad Económica”, vociferando contra Soares e as relações perigosas entre Portugal e a Venezuela. O que será que tanto preocupa “nuestros hermanos” nas boas relações entre Portugal e o país de Chávez? No mesmo periódico a GALP considera que a Venezuela é um “parceiro inevitável”, as oportunidades existem para serem aproveitadas!

FG

domingo, 18 de novembro de 2007

ABM e NPT - passado, presente e futuro


A questão iraniana está a levantar alguma celeuma junto de uma camada da população, relativamente informada, mas que trata estes temas pela rama…

O Tratado ABM (Anti Ballistic Missile) foi assinado em 1972 e é, em minha opinião, o documento que melhor retrata quer a Guerra-fria, quer a Doutrina MAD (Mutual Assured Destruction). Grosso modo, o Tratado proíbe a instalação de mísseis defensivos contra mísseis balísticos, isso mesmo, proíbe as defesas; fá-lo porque a Guerra-Fria, a partir do momento em que se alcança a paridade nuclear, vive no equilíbrio de terror, ninguém ataca porque esta garantido o “2nd strike capability”, a “mutual assured destruction”. A instalação de sistema defensivos poderia permitir a quem tem capacidade defensiva, estar a salvo da resposta inimiga, retirando o “2nd strike capability”, destruindo o paradigma do equilíbrio de terror em que o mundo vivia.

Este documento tem um período próprio, que termina em 1991, com o fim da URSS e da ameaça comunista, na realidade os EUA apenas se retiram do tratado em 2002, quando decidem que precisam de defender-se do próximo sistema internacional – o que há-de vir… Mortan Kaplan previa a multipolaridade nuclear, que pelo andar da carruagem está mais próxima do que se pensava há uns anos (faz-se um pequeno parêntesis para salientar que acreditamos ser mais provável uma ameaça nuclear suja, uma dirty bomb, proveniente de ameaças pós-modernas do que de um “rogue state”).

O TPN (Nuclear Non-Proliferation Treaty) é um documento do qual apenas 4 Estado não fazem parte (Israel, Índia, Paquistão e Coreia da Norte – esta última já foi parte do Tratado, violou-o e mais tarde retirou-se); e visa parar a proliferação do armamento nuclear, o desarmamento nuclear; e, os fins pacíficos desta tecnologia.

O primeiro tratado é um instrumento regulador do sistema de equilíbrio de um tempo histórico próprio; o segundo documento é, acima de tudo, um instrumento regulador da boa vontade dos povos do mundo pela utilização pacífica da tecnologia nuclear

Se o ABM materializa em tratado o equilíbrio de terror, o TPN prevê – a anos de distância – a proliferação desta tecnologia e os riscos e custos associados; um é um texto sincrónico com um determinado período, outro é um instrumento diacrónico para memória futura dos líderes e governantes mundiais.

FG